O tempo só é suportável quando não o percebemos. Como o rio em remansos processos que não findam, costura de águas onde o tempo se entrelaça tão cheio de destreza, infância e coragem. A tranquilidade das águas que aos meus olhos se dá não é sua verdade. É no mais profundo que o ser do rio prevalece. Correntezas violentas o movem, levam-no em apressados rodopios, movendo o interior, varrendo as profundidades. Aquele que o vê da margem nem imagina. A calmaria da superfície não nos permite perceber que o rio está se despedindo. A tranquilidade aparente segreda a fúria que o move. Entorpece os olhos que nas margens repousam, impedindo-os de perceber que o rio está passando. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.123).
sábado, 7 de dezembro de 2019