A sombra deste abacateiro é tão velha quanto eu. Dizem que foi plantado pelo meu bisavô, por ocasião da partida de seu filho, que foi ser padre no outro lado do mundo. Plantou a árvore para substituir a presença que se foi. Quis ver nascer da terra alguma coisa que pudesse acalentar a ausência.
Depois de tanto tempo já passado, filho morto e pai sepultado, a velha árvore continua sendo uma resposta à dor sentida. Estende no tempo a partida que já não há. Prolonga na história o que o silêncio se encarregou de sepultar e se transforma em sacramento na memória de quem sabe o motivo. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p. 47).
sexta-feira, 29 de novembro de 2019